Justiça autoriza recuperação judicial do Grupo Coteminas; dívida é de R$ 2 bilhões
A Justiça autorizou, nesta quinta-feira (25), o processamento da recuperação judicial do Grupo Coteminas. A decisão foi assinada pelo juiz Adilon Cláver de Resende, da 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte. A sentença engloba as 10 empresas que integram o grupo, incluindo a sede, no Norte de Minas. O valor da dívida é de R$ 2 bilhões. São cerca de 9.800 credores, entre eles trabalhadores da empresa.
De acordo com o magistrado, a partir da autorização, todas as ações e execuções contra o Grupo Coteminas devem ser suspensas por 180 dias. O juiz ainda determinou que as empresas apresentem, mensalmente, os demonstrativos financeiros mensais, enquanto durar o processo.
O plano de recuperação judicial também deve ser entregue à Justiça em até 60 dias, contados a partir desta quinta-feira. Na decisão, o magistrado ainda nomeou duas administradoras judiciais para atuar junto ao grupo: a Inocêncio de Paula Sociedade de Advogados e Credibilità Administração Judicial e Serviços Ltda.
Julgamento em BH
O processamento da recuperação judicial foi possível após o Grupo Coteminas conseguir, em junho, que o caso fosse julgado em Belo Horizonte. Havia uma indefinição se o pedido seria analisado em São Paulo, como solicitavam alguns credores. No entanto, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o processo seguisse na capital mineira.
O argumento do juiz Adilon Cláver de Resende foi de que o faturamento do grupo se concentra, em maior parte, em Minas Gerais. A maioria dos credores também está no estado e é considerada hipossuficiente - como trabalhadores e microempresas e empresas de pequeno porte.
Por fim, o magistrado também elencou o maior volume de colaboradores do grupo atuando nas operações em território mineiro. Além disso, nove dentre as dez empresas que integram o Grupo Coteminas têm sedes estatutárias no estado, sendo quatro em Belo Horizonte, quatro em Montes Claros e uma em São Paulo.
Falência
O Grupo Coteminas, fundado em Montes Claros em 1967 para atuar no ramo têxtil, entrou com pedido de recuperação judicial em maio deste ano. Presidido por Josué Gomes da Silva, hoje no comando da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a companhia enfrenta ações judiciais, protestos e já foi alvo de audiências públicas em Minas Gerais, na Paraíba e em Santa Catarina - onde tem fábricas.
Josué, inclusive, pediu licença do comando da Fiesp para cuidar dos assuntos do grupo. À época do pedido, havia relatos de salários e outras obrigações trabalhistas em atraso. O grupo chegou, em 2023, a fechar um acordo com a Shein para produzir peças no Brasil, mesmo já enfrentando dificuldades e acumulando pausas nas fábricas.
"Conforme já amplamente informado, desde o fim da pandemia, a companhia vem tendo seus negócios negativamente impactados pela combinação de fatores adversos que acarretaram dificuldades financeiras", alegou a Coteminas após pedir a RJ. O pedido, segundo a empresa, busca "garantir as atividades empresariais e os ativos das companhias e suas controladas".
Fonte: O Tempo